Os anos se passaram, mas ainda se sente a rejeição, quando nos lembramos da paixoneta dos 6 anos?
Aquela paixoneta, dos olhares febris e apaixonados, o bilhetinho piegas, o desenho da florzinha?
Ainda se sente a rejeição, com uma emoção ligada, uma reação física de algum tipo: frustração, raiva, vergonha…
Uma memória é uma memória.
Pode ser recordada com uma risada ternurenta e não faz nada ao corpo, não se sente, não nos altera mentalmente.
Mas se nos lembramos do “acontecimento” e ainda sentimos algum tipo de desconforto físico, um nó na garganta, um aperto no estômago: é trauma.
Provavelmente trauma de abandono.
Se facilmente desencadeamos alguma reação exagerada, desajustada à severidade da situação, especialmente porque pertence ao passado: pode ser um trauma de abandono.
Baixa Tolerância Frustração (da Rejeição)
Ok. A rejeição é uma m*rda. É muito frustrante. É emocionalmente doloroso.
Ninguém gosta de ser rejeitado. Todos nós queremos sentir-nos amados e apreciados.
Mas a rejeição acontece. E é preciso ser capaz de seguir em frente.
Pode-se mentir e dizer que seguimos em frente, mas:
- Se existe alguma vergonha escondida por trás desse sentimento de rejeição,
- Se desenvolvemos algum tipo de ressentimento, e continuamos agarrados a isso,
- Se há sentimentos de querer vingança, de quere que a pessoa sofra de alguma forma
Então isto tem que ser dito: é preciso superar esse sentimento de rejeição.
E o pior de tudo e mais provável: a causa real pode nem ser a situação que nos lembramos que causou alguma vergonha, ou o ressentimento que alimenta o sentimento de vingança.
Essa é apenas a ponta do iceberg.
A verdadeira causa, por não conseguir lidar com a rejeição de forma madura e saudável pode ser que tenhamos questões de abandono.
O quê? “Problemas de abandono?”, deves estar a perguntar: “Mas como? se que nunca fui abandonado (a)”
Trauma de Abandono
Não adianta comparar dores emocionais: é uma coisa muito pessoal.
E um trauma?
“É uma resposta emocional a um evento negativo que é angustiante, perturbador ou doloroso.”
Dói como dói a quem dói. Todos nós temos o nosso próprio caminho individual, e dois indivíduos podem passar pela mesma situação desafiadora e sentir/registrar o evento de maneiras distintas: ninguém pode ditar o quão grandioso ou emocionalmente esmagador um evento significa para o outro. A pessoa sente o que sente.
Assim é com a dor emocional
O trauma pode ocorrer durante a fase embrionária, na barriga da nossa mãe: o que ela sente, nós sentimos. Se ela está estressada, se ela não quer o filho: isso afeta a forma como o circuito cerebral está a ser formado.
E depois de estar fora da barriga: se a mãe é emocionalmente indisponível para nós, para as necessidades narcísicas do base de criança: o trauma do abandono pode ficar gravado. A biologia de uma perda.
Às vezes, o trauma do abandono pode ser transgeracional: como um comportamento aprendido. Tendo os pais como modelos.
Podemos ter traumas de abandono por via de muitas circunstâncias. Aqui estão alguns exemplos:
- Divórcio ou separação dos pais,
- Morte de um parente ou alguém chegado,
- Deixaram-nos a chorar quando estavamos com medo/fome/frustrados quando eramos crianças,
- Queixamo-nos e fomos buscar ajuda aos adultos, sobre alguma situação ou pessoa que no tenha causado angústia, mas os nossos sentimentos forma desvalorizados/minimizados ou nem se incomodaram a ouvir: sentimo-nos abandonados na nossa angústia infantil,
- Fomos en corajados a reprimir os nossos verdadeiros sentimentos , caso contrário “a mãe já não gosta do menino(a)”: e assim aprendemos a suprimi-los. Para receber a “aprovação da mãe” e garantir que seu amor continuasse disponível para nós.
Aqui a “mãe” é mencionada, mas pode ser o pai, a irmã/irmão mais velha(o), um(a) tio(a), quem deveria te deveria ter dado apoio quando criança.
Em qualquer uma das situações dadas a exemplo: sentimos-nos desamparados, sem apoio, desprotegidos.
E assim desenvolvemos mecanismos de defesa…
… crescemos e continuamos com o mesmo mecanismo de defesa, eventualmente transformados numa outra forma com um único propósito: nos proteger emocionalmente de dores semelhantes de nos sentirmos abandonados e sozinhos.
Alguns mecanismos de defesa são bem infernais.
Mecanismos de defesa que nos impedem de avaliar as situações de uma perspectiva ampla, e reagindo à justa medida.
Mecanismos de defesa que nos impedem de ter um bom relacionamento com nós mesmos, eventualmente sentindo-nos indignos de amor ou pouco confiantes para sermos nós próprios, com receio de não sermos aceitos (de novo) e rejeitados (de novo): assim mascaramos quem somos.
E podemos tender a cair em relacionamentos tóxicos.
Mecanismos de defesa que nos impedem de ter um relacionamento saudável com os outros, porque não confiamos, então sentimos necessidade de ter controle sobre o outro. E isso pode se manifestar pelo desenvolvimento de uma personalidade narcisista, possessividade, excesso de ciúmes… A panóplia pode ser vasta.
As Muitas Faces da Trauma de Abandono
Um narcisista sente-se atraído pelo “people-pleaser” na mesma medida em que o “people-pleaser” se sente atraído pelo narcisista.
É uma relação tóxica onde, emocionalmente um dá e o outro recebe/tira.
Não é um dar e receber na mesma medida. Narcisistas e “people-pleasers” parecem personalidades opostas.
Aparentemente. Alguns especialistas na área (psicologia) dizem que os dois ovos da mesma cesta. Cresceram em ambientes semelhantes, sentindo falta do mesmo: apenas usam mecanismo de defesa opostos.
Aparentemente. Alguns especialistas na área (psicologia) dizem que os dois ovos da mesma cesta. Cresceram em ambientes semelhantes, sentindo falta do mesmo: apenas usamos o mecanismo de defesa opostos.
Um desenvolve a necessidade de agradar, e de dar achando que assim o amor não lhe será retirado: e dando, acreditam que evitam a dor da falta de amor
O outro desenvolve uma personalidade egocêntrica para evitar o vazio da falta de amor e usa o amor dos outros como fonte. E tiram dos outros. para evitar a dor da falta de amor que sente dentro de si mesmo(a).
Ambos tratam da questão do abandono: apenas tratam de forma diferente.
O trauma do abandono aparece com muitas faces:
- narcisismo
- baixa tolerância à rejeição: leva ao ressentimento e à frustração. Nada de bom cresce dessas energias vibracionais mais baixas: só destruição. Autodestruição, um não fazer nada que construtivo. Muita energia desperdiçada.
- comportamento de agradar as pessoas: que na realidade é uma espécie de auto-abandono, porque não se está a respeitar ou a satisfazer as nossas necessidades emocionais : estamos a priorizar as necessidades de todos, menos as nossas.
- medo do abandono: que muitas vezes leva a tolerar relacionamentos tóxicos e abusivos.
- vícios: como um mecanismo de defesa para dessintonizar ou dissociar com qualquer situação que se assemelhe ao trauma original,
- Auto-sabotagem: isso está relacionado ao baixo papel para a rejeição, pelo medo da perda (trabalho, pessoas, coisas). Nem se tenta, com medo de perder e ou não saber como lidar com a perda. É perder sem nem tentar.
- Transtornos alimentares: que são mecanismos de enfrentamento para compensar alguma dor emocional
- Codependência, que está relacionada ao narcisismo, comportamento de agradar as pessoas e medo de abandono,
- Medo da intimidade, que está relacionado ao medo do abandono e é uma forma de dissociação: não se está lá. Não nos mostramos ou compartilhamos o nosso eu. E ao fazer isso estamos protegidos de nos sentirmos abandonados(as) se a pessoa for embora. Isso pode colocar-nos num ciclo de relacionamentos insatisfatórios. Isso causa dor de qualquer maneira.
De Volta à Rejeição: Como Lidar Com Ela? O Fantasma da Rejeição
Se o fantasma da rejeição te assombra e te impede de correr riscos calculados, emocionalmente ou profissionalmente ou te impede de ter relacionamentos saudáveis porque tu respiras e sentes ressentimentos: deves considerar procurar ajuda profissional.
Se for devido a um trauma de infância, um profissional irá ajudar-te a trazer esses sentimentos reprimidos e subconscientes daquele lugar escondido para a mente consciente: só então eles podem ser abordados adequadamente.
Aqui estão algumas dicas caseiras para lidar com a rejeição
#1 Vai até à raiz: reconhece o sentimento de dor (horror à rejeição)
Quando fores à raiz dessa amargura da rejeição: vais encontrar lá alguma vergonha que precisa de ser abordada.
Quando é dito para ir à raiz, isso não significa que te deves lembrar o tempo todo. Isso já fazes tu: através da memória implícita, através de teus registros corporais de emoções, se elas forem fortes.
Ir á raiz, aqui, significa: perdoa-te.
Mas primeiro tens que ter amor por ti mesmo.
#2 Ama-te em primeiro lugar. O auto-perdão virá naturalmente
Se te sentiste rejeitado e estás a lidar com problemas de abandono inconsciente: então sentes vergonha e mal-amado.
E a primeira pessoa que deve sentir amor por ti: és tu.
Se sentes vergonha, provavelmente é porque te culpas por alguma coisa. E sentes-te indigno(a) de ser amado(a). E a razão pela qual sentes tanto ressentimento é porque a pessoa ou situação que te fez sentir rejeitado(a), apenas lembrou e reforçou (na tua mente) o quanto sentes que não mereces ser amado(a). Isso é uma percepção cruel. Estás a ser cruel contigo mesmo(a).
Especialmente se for devido a eventos passados, isso pode nem ter sido culpa tua.
Uma vez que aceitas e que te ames, o auto-perdão virá naturalmente. E o ressentimento por ti mesmo também desaparecerá, naturalmente.
O ressentimento pelos outros terá pouco espaço para respirar. Vais ter mais espaço emocional e energia para criar coisas boas para ti e para tua vida.
#3 Analisa o teu papel na rejeição e assume a responsabilidade do "agora em diante"
Foi um trabalho que te foi negado? Foi um relacionamento?
Analisa qual foi teu papel nisso, na rejeição.
Foi uma vaga de emprego ou entrevista?
Verifica se é isso que realmente querias, ou se estavas mesmo preparado para a função.
Define um novo curso se concluíste que não era o caminho certo para ti e segue em frente.
Precisas de outras competências? Vai buscar essas novas competências e persiste no teu objetivo.
Aprende a lição, agradece, e segue para o próximo.
Era um relacionamento?
Alguém não te amou da forma que acreditas que mereces? Apenas certifica-te de amar a ti mesmo primeiro, e depois encontra alguém que te ame com o padrão que estabeleceste para ti mesmo(a). Isso não é sobre status ou atributos físicos. Estamos falando a um nível profundo aqui, e não de coisas de ego, vaidade a mostrar o “troféu”.
Talvez tenhas sido rejeitado(a) porque não foste valorizado(a) ou simplesmente um não estava pronto para o outro.
Quando se conhece verdadeiro valor próprio, não há lugar para ressentimento. Tu vais e procuras encontrar alguém que te valorize do jeito que tu te valorizas.
Alguém quer ir embora? Talvez te esteja a fazer um favor.
Não é como se você fosse perfeito(a), maravilhoso(a) e sem defeitos: é só que as energias de um casal devem combinar. Se não há igual dar e receber: alguém já está a perder.
E isso é tóxico. A rejeição de alguém pode realmente ser uma coisa boa aqui.
#4 Reformula a emoção associada à rejeição
Reenquadrar a emoção associada à rejeição é extremamente importante.
Se tens um relacionamento desagradável com a rejeição, de uma forma que envenena a tua vida: deve ser abordado.
Como sabes que tens uma abordagem não saudável (tóxica) para a rejeição?
Pela (eventalmente fraca) qualidade e (eventualemente pouco) preenchimento que sentes com os teus relacionamentos atuais.
Quando nos apegamos a ressentimentos passados, passamos comportamentos e atitudes para o próximo relacionamento.
Temos uma tendência a repetir padrões, até aprendermos qualquer lição que precisemos aprender, crescer com ela, e enriquecermo-nos e ao relacionamento seguinte. Levando-o para um nível superior.
Reenquadrar a emoção pode ser uma boa estratégia para cortar o cordão com aquele velho movimento de trauma, e ensinar o teu corpo a sentir de uma forma diferente, ao abordar algum evento desconfortável que te faça sentir rejeitado.
A primeira coisa, se você tiveres que te lembrar de alguma coisa, fá-lo como observador, de fora: que já não és o participante, não precisas de sentir a emoção desagradável sempre que ela vier à tua mente. E quando o fizeres: fá-lo como espectador. Afasta-te, emocionalmente.
Depois disso: tome outra perspetiva, outra que não seja a da pessoa magoada.
Exemplos? Exemplos:
Sentes-te mal-amado em alguma situação? Isso não significa que tu não és digno de amor: pode significar apenas que essa pessoa não foi capaz de ver teu verdadeiro valor. Tu és digno de amor.
Alguém te fez algo horrível ? A pessoa horrível é a outra pessoa, não tu. A vergonha não é tua para carregares. Tem orgulho de ti mesmo por ter lidado com situações difíceis e não carregue ódio no coração. Move-te com orgulho, por dentro.
Sentes que, de alguma forma, falhaste alguma oportunidade de trabalho? É porque algo melhor e mais alinhado com o que realmente queres, está nesse novo caminho que estás a trilhar. Lembra-te sempre de que os obstáculos são simplesmente redirecionamentos. Não é o fim da jornada: é o começo de uma nova.
Tens que lidar com a morte de alguém próximo, um ente querido? Religiões à parte: a espiritualidade aqui, ajuda. Tenta pensar que o corpo pereceu, mas o espírito permanece em algum lugar no éter. E de algum lugar, essa pessoa tem uma perspectiva mais ampla da vida em 3D, e certamente está a olhar por ti, a orientar-te e a proteger-te.
Esses foram exemplos, e existem situações realmente desafiadoras que precisarão de ajuda profissional para serem abordadas.
O objetivo aqui é ver as coisas de outra perspectiva e mais importante de todas: é tu ensinares o teu corpo a se sentir de forma diferente ao lidar com alguma memória dolorosa. Isso deve ser apenas memória sem emoções anexadas: apenas mantenha a emoção das boas experiências.
Getting Better Every Day
Un-Rejecting Hugs
From Body&Soul!
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Video
The Trauma Of Abandonment | Dr. Gabor Mate
https://www.youtube.com/watch?v=P087SYOV6_I
If you have Abandonment Issues, this is THE CURE (WATCH THIS) / Aaron Doughty
https://www.youtube.com/watch?v=1xHEFn87oOA
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The Law of the Conservation of Mass